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segunda-feira, 22 de março de 2010

E os porquitos?

Falta meia-hora para chegar à Escola. Será que estará tudo pronto?
Venham connosco!


Lembram-se desta fotografia? Há uma semana mostrei-vos o lugar onde ficariam os porquinhos...

E...

Tcham-ram!! Ei-los!


Apresento-vos o G. e a PROIL (Relembro que GPROIL é o Grupo de Promoção de Iniciativas Locais dirigido pelo Binaisa). O G. tem de apelido Benfica e a PROIL Ferroviário (campeão nacional de futebol de Maputo). Não acham que é um bom presságio?

O Binaisa a observar atentamente o casal GPROIL


Apesar de ser Domingo algumas crianças da Escola não resistiram a ver o que se estava a passar.
Em qualquer inauguração por aqui segue-se um Ritual. É o Kuphalha (a pronúncia da palavra é semelhante ao estalos de língua do Xhosa Sul Africano e impronunciável para nós).
Uma bebida de melancia fermentada.

Será alcoólica?

Sem dúvida! Pelo menos pela expressão do Binaisa depois de ter bebido a primeira colher!
É a minha vez...

Amargo, espesso, fortíssimo!

E seguimos a tarde entre conversa e bebidas, em roda, à sombra de uma árvore, como qualquer ritual...

Falámos de passado e de como podemos mudar o nosso destino...


E o balde foi ficando vazio!

É altura do Binaisa, o Director e Directora Pedagógica seguirem felizes para o ritual seguinte:

Dar banho aos animais e à terra com a mesma bebida.
Fica o aviso: Se beberam não baptizem!


O G. Benfica mostrou ser muito veloz!

E a PROIL Ferroviário preferiu dificultar os gestos dando um passeio pelo jardim.
Mais uma vez, é com muita emoção que vos dizemos:

Kanimambo! Obrigada! Continuamos a oferecer... esperança.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Work in Progress

Efeito Borboleta I – Porcos:

Nunca vou entender os meandros da burocracia…
- O quê? Não têm o papel assinado?
(na Direcção Distrital de Educação)
Mas não lhes digo isto de forma séria ou agressiva, acrescento exagero aos gestos, teatralizo a cena até atingir o melodrama mais íntimo… e, desde o guarda a toda a secretaria, lá me vão avisando diariamente:
- Ainda não, ainda não… prevê-se talvez para o amanhã…
Eu digo um declamado “Oh não, só me dão esse talvez?” e rolamo-nos em gargalhadas.
E depois de ter saído com a mochila cheia de 12 “talvezes”…
Voilà!

E é logo no dia seguinte, dentro de um chapa com o Jossefa (membro da GPROIL) que zarpamos rumo à nova Escola. Como qualquer bom plano deve ser mudado com a maior das facilidades: da inicial ideia de Escola Secundária decidiu-se começar por uma das Primárias. Os motivos dispersam-se entre religiões, tradições e confusões e quando isso acontece o melhor é simplificar. Contornam-se as dores de cabeça e preparam-se os terrenos. E talvez um dia os porquinhos atinjam estudos mais superiores, quem sabe?

O Director da Escola e a Directora Pedagógica. Apesar de muito felizes, não consigo tirar-lhes a seriedade no momento das fotos. Ao contrário de mim, acham que o momento deve ser mostrado com a maior das solenidades. Respeito-lhes a razão. Eu é que não me sei comportar.

É precisamente neste lugar, com as salas de aula como pano de fundo que espero, daqui a aproximadamente uma semana, apresentar-vos o primeiro casal de porquitos.


A Escola tem um furo de água. Eu sei que parece apenas um pormenor mas na realidade de cá é da maior importância.


E passo já para o Efeito Borboleta II, os Pintos no Centro Comunitário!


Irmã Catarina (directora do Centro)

E aqui só posso calar palavras... Vêem este sorriso? É que a vossa ajuda não ofereceu apenas pintos... ofereceu esperança.


Acabados de instalar. Tudo correu às mil maravilhas, 100 pintos sem necessidades de reanimação! Têm medicamentos, ração e dedicação. Acho que os ingredientes certos para que atinjam um amanhã.



Kanimambo! Obrigada! Tenho a certeza que demos um grande passo! Vou continuando a contar-vos cada evolução.
Divirtam-se! Aproveitem os dias.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O andar da carruagem (ou da Arca de Noé)

Vamos lá à transparência.
Neste caso pega-se nuns porquinhos e pintos e juntamo-nos todos num coro que, sem menosprezar ou tirar qualquer encanto, ultrapassa com distância e distinção o de Santo Amaro de Oeiras. Nem que seja em riqueza onomatopeica.
oinc oinc piu piu dóooooooooooooo, começamos todos juntos.
Mas logo se destaca o porco:
“Vamos grunhindo com alma,
Para a falta de assinatura,
Mais uma semana com calma…
We wish you a merry Christmas!”

O quê?! Calma porquinho, que estamos em plena actuação! Passem os pintos para a frente enquanto descansas desse delírio tão típico dos cantores de coro.

“Nós já temos a ração,
Só esperamos o transporte,
Chapa, machimbombo, biciclete
Faremos a revolução!”

Revolução?! Mas este Rap da “biciclete” tem que acabar já aqui! Puxo dos meus galões de ser humano e atiro-me por cima de todos num belo salto encarpado:
(braço direito a apontar para os porcos)
“O passo seguinte essencial,
Que por uma assinatura se conquista,
Seria tão natural,
Não fosse morrer o motorista,
De uma pessoa fulcral,
O Director Distrital!

(braço esquerdo para os pintos)
E vocês, meus cantores de intervenção,
Já têm pronta a capoeira,
Vão fazendo as vossas malas,
Porque chegam na sexta-feira!”

Todos (eu, pintos e porcos):
"O-BRI-GA-DOOOOOOO!"
E cai o pano do palco.

(numa seriedade seríssima agora, que todo este assunto assim pede: só falta mesmo a assinatura do Director Distrital da Educação para podermos comprar os porquinhos e levá-los para a Escola, suponho que para a semana o processo siga mais célere. A morte do Sr. motorista é mesmo verdade e o director teve que deixar vários assuntos pendentes;
Com os pintos tudo bem. Devem chegar na próxima sexta-feira. E já está tudo preparado para os receber com pompa e circunstância,
Mais projectos vêm a caminho, é só… seguirem com atenção.)

Obrigada!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Efeito Borboleta I

Desenho de Pedro Madeira Pinto, um grande amigo.
Lembram-se do projecto inicial? É agora: está na altura de começar…
Vamos lá arregaçar as mangas e agir. Cada um como puder e se quiser. Eu vou ser apenas a ponte. Conto a história, da forma que sei, que sinto e nunca de ânimo leve; quem a lê… faz o que entender. O objectivo é dar o primeiro empurrão, dar a mão, ajudar no lançamento… ter influência num caminho.
Vou começar pelo fim:
E se eu vos dissesse que este rapaz apenas precisa de dois porcos para iniciar um projecto sustentável que pode mudar muitas vidas?
É um de muitos projectos que englobam o sonho possível de uma associação (GPROIL – Grupo de Promoção de Iniciativas Locais) formada recentemente pelo Binaisa, um jovem de 28 anos, com uma visão impressionante das possibilidades do futuro.
As conversas foram fluindo ao longo deste mês e fui conhecendo uma pessoa inspiradora. Tem sonhos, ideias e vontade de mudar a realidade moçambicana. E vai conseguir. Tenho a certeza.
- As crianças alimentam-se de forma tão deficiente, como se vão educar, Clara?
Não respondo quando não sei o que dizer, fecho-me em mim, transformando-me em ouvidos.
– Temos que criar uma linha de valores, descobrir as capacidades das nossas crianças, quais os seus talentos. Depois orientá-las. Ajudá-las a melhorarem as suas possibilidades de vida.
O Binaisa, um rapaz de uma simplicidade encantadora, que lutou sozinho contra dificuldades básicas, contra a falta de informação, contra a fome, que trabalhou em tudo, que dá voz à rádio local, que não desiste do sonho de um dia entrar para a Universidade para estudar Língua Portuguesa, acima de tudo acredita que é através da cultura, do desporto e do empreendedorismo que se vai conseguir um dia mudar o destino de Moçambique e tem o objectivo final de criar um Centro Cultural no Chibuto que englobe estas três áreas. É uma inspiração, uma prova de força e de coragem. É um privilégio conhecer pessoas assim.
Mas é prático.
Num lugar em que a desesperança de futuro é assustadora, sabe que primeiro tem que se mostrar às pessoas que é possível ter iniciativa.
­- Começa-se pela base mas com a intenção de mostrar o processo.
E eu explico-vos. É tão simples.
As crianças têm fome, precisam de uma alimentação mais proteica. É tão flagrante e real este problema que o que vos pode parecer ter uma proporção mínima pode fazer uma diferença abismal. As Escolas têm uma disciplina de Agro-pecuária mas sem condições de funcionamento. O projecto inicial seria colocar dois porcos na Escola Secundária, ensinar às crianças todo o processo de tratamento, alimentação e reprodução (têm professores qualificados), quando houver condições mínimas criar um pequeno talho, vender a carne, melhorar a alimentação das crianças, criar rendimento. Continuar o ciclo. Neste pequeno (grande) projecto está a cadeia de valores inteira que querem transmitir aos jovens. Mas precisam do primeiro empurrão.

Um casal de porcos custa aproximadamente 50 euros, incluindo a ração. Se com a vossa ajuda conseguirmos este valor, responsabilizo-me a ir com o Binaisa comprá-los e acompanhar todo o processo com textos e fotografias aqui neste espaço.

Enviarei por mail aos interessados todas as informações necessárias para finalizarem a ajuda e pormenores mais detalhados sobre o Binaisa e a GPROIL. Nestas histórias eu só vou ajudar a dar o primeiro passo, tudo o que ultrapasse essa ajuda darei o contacto directo das pessoas em questão.

É só dar a mão. Ajudamos a dá-la?

(este é um projecto pessoal, sem organizações a apoiar. É apenas fruto de uma decisão minha: não ficar de braços cruzados a ouvir histórias, a conhecer pessoas inspiradoras, a ver necessidades e não agir. Acredito mesmo que devemos fazer pelo mundo o que queremos que ele seja. E podemos fazer muito para torná-lo num lugar com mais humanidade)

Binaisa

Alguns membros da GPROIL (Grupo de Promoção de Iniciativas Locais)