Antes de vir, talvez duas semanas não mais, e no mesmo dia em que soube no que consistia o meu trabalho no Centro Comunitário, enviei um mail a alguns amigos e família a pedir apoio. Não moral, que esse já me transbordava, muito físico. Precisava de material onde me pudesse apoiar. Tudo o que tivessem, soubessem ou quisessem inventar. E foi a primeira surpresa. Não sabia que podia chover informação. A cântaros. Livros, jogos, músicas, histórinhas, filmes, ideias, ideias, ideias, via internet, via correio, via “deixei na portaria”, via terceiros ou em total presença. Conheci amigos de amigos que me levaram a casa e disseram: escolhe. E escolhi… Guardei tudo em baldes, como se guarda a chuva, por temas e possibilidades: jogos de rua, de interior, saúde, higiene, trabalhos manuais e musicais, pedagogias e tantas literaturas. Tudo entre telefonemas e cartas para a TAP para que me permitissem o peso. Não, roupa já não posso levar… E as bolas da escola de S. João vão vazias, livres de ar e de peso, voleibol encaixado em futebol que se adapta a basquetebol, junto ao livro de origamis, aos panfletos de como lavar os dentes, às canetas, lápis , às mil e uma noites e a outras tantas de criatividades…
Está na hora… de vos agradecer. Porque de surpresa passou a absoluta certeza: o mundo altera-se mesmo com os nossos gestos. Aí, aqui, em qualquer lugar. Basta querer. Muito. E fazer com que aconteça.
Obrigada.
(e só parece pouco se não sentirem que me transformo na própria palavra. Obrigada… por terem sido a minha chuva)