Vista de minha casa ao anoitecer de ontem
Mudo nomes, desordens e desvio-me mesmo em alguns contra-pontos mas só porque me apetece a escrita solta, sem grandes investigações. Esta história passa-se num dia mas tem como cenário os tempos que já lá vão. Isto porque, e vou repetir as vezes que me necessitar, por aqui o tempo parece sobrepor-se ao tempo que conhecemos. O hoje pode ser hoje mas porque caiu num acaso. Pode ser também o ontem vivo e cheio de amanhãs.
(Deliro com isso)
Senão como se explica que eu me tenha encontrado, no mesmíssimo dia, na Direcção Distrital de Educação e nas enormes cheias que atingiram esta zona em 2000?
A vista do gabinete era tão aberta, tão desfeita de grandezas que me esqueci totalmente que me encontrava perante um director. Nem me levantei, cumprimentei ou mergulhei na boa educação:
- Tanto espaço…
- Vês aquela árvore?
Sigo-lhe o dedo.
- Ali nasceu uma criança.
Claro que acordei do sonho. Sou dada a exageros mas até eu me imponho certas regras: crianças nascidas em árvores implica que transbordo demasiado da realidade. Digo um, dois, três, bato com os calcanhares e acordo das minhas fantasias.
- Como está Sr. Director, sou a nova voluntária do Centro Comunitário.
Desfez-se no sorriso vindo das profundidades, o mesmo que eu já conhecia de outras gentes sempre que sabem que sou voluntária, mas não se desviou nem um milímetro no sentido daquela árvore.
- Vou-te apresentar.
(não sei se aguento, juro, não sei se aguento ser apresentada a uma árvore)
Descemos as escadas, saímos daquela abertura de janela até chegarmos à Rosa, uma mulher ténue com olhos de encanto.
- A Rosa é a mãe da Rosita, bebé de milagre.
O sim de concordar da Rosa desfez qualquer dúvida que ainda pairasse nos meus interiores.
Em cima daquela árvore, durante cinco dias, de cheias e das maiores fatalidades, a família da Rosa atingiu a sobrevivência. E ainda cresceu.
Sabia que havia árvores que nos abraçavam. Conheço uma que até vai para além do mais. Mas esta tem um verdadeiro traço humano.
(Deliro com isso)
Senão como se explica que eu me tenha encontrado, no mesmíssimo dia, na Direcção Distrital de Educação e nas enormes cheias que atingiram esta zona em 2000?
A vista do gabinete era tão aberta, tão desfeita de grandezas que me esqueci totalmente que me encontrava perante um director. Nem me levantei, cumprimentei ou mergulhei na boa educação:
- Tanto espaço…
- Vês aquela árvore?
Sigo-lhe o dedo.
- Ali nasceu uma criança.
Claro que acordei do sonho. Sou dada a exageros mas até eu me imponho certas regras: crianças nascidas em árvores implica que transbordo demasiado da realidade. Digo um, dois, três, bato com os calcanhares e acordo das minhas fantasias.
- Como está Sr. Director, sou a nova voluntária do Centro Comunitário.
Desfez-se no sorriso vindo das profundidades, o mesmo que eu já conhecia de outras gentes sempre que sabem que sou voluntária, mas não se desviou nem um milímetro no sentido daquela árvore.
- Vou-te apresentar.
(não sei se aguento, juro, não sei se aguento ser apresentada a uma árvore)
Descemos as escadas, saímos daquela abertura de janela até chegarmos à Rosa, uma mulher ténue com olhos de encanto.
- A Rosa é a mãe da Rosita, bebé de milagre.
O sim de concordar da Rosa desfez qualquer dúvida que ainda pairasse nos meus interiores.
Em cima daquela árvore, durante cinco dias, de cheias e das maiores fatalidades, a família da Rosa atingiu a sobrevivência. E ainda cresceu.
Sabia que havia árvores que nos abraçavam. Conheço uma que até vai para além do mais. Mas esta tem um verdadeiro traço humano.
Eu também deliro com isso rsrsrs.
ResponderEliminarUm milagre é também nós podermos estar aqui contigo que estás ao pé dessa árvore e podermos partilhar um pouco dessa magia.
Tu sabes que eu adoro histórias. Continua Didi
ResponderEliminarPorque será que quando estás longe tenho mais saudades?
Prima estou quase a ir para o teu continente!!!!!!!!!beijos
ResponderEliminarAlf:
ResponderEliminarEu sei que também deliras com isso! ehehe
Há tanto para partilhar por estas terras do Sul...
Beijinhos
Didi:
E esta história é a pura das verdades. A Rosa, o marido e dois filhos estiveram cinco dias naquela árvore... e ainda tiveram um bebé. Tocante.
A saudade aumenta quando não se está à distância de um abraço.
Beijos
Susana.
Cá te espero Mana Susana! Se te apetecer escorregar mais para sul...
Lembro-me muito bem do momento do nascimento da Rosita, mas contado por ti, fica mais esmagador...
ResponderEliminarBeijinhos
Céu:
ResponderEliminarA sério que já sabias da bebé Rosita? Incrível. E se conhecesses a Mãe Rosa ias ficar ainda mais sensibilizada. Um encanto.
Obrigada pelo comentário. Não sei se é por estar longe mas sinto-me muito mais acompanhada quando vos leio por aqui!
Beijos
A verdadeira mãe árvore. Prima, custa ler as histórias em vez de as ouvir, mas já é tão bom poder lê-las... (realmente um milagre, como disse o Alf).
ResponderEliminarMuitos beijinhos e força.
Mais uma semana! (correm, não é?)... eu sei que em Africa as semanas não tem os "mesmos" dias, mas sejam eles quais forem... conta-nos, assim, por dentro!
ResponderEliminarBeijos e força!
Mizé
Sound and Fury...:
ResponderEliminarEu depois conto-te e mostro-tas como te mostrei o... TUBARÃO!! ehehe
Obrigada!
Beijos
Mizé:
Já vou entrar na 3ª semana... Assim, de mansinho e de rompante como tudo se passa aqui!
Obrigada por passares pelo blog. Dá-me ainda mais força!
Beijinhos
Como aluna responsável que tento ser, prometo não me distrair com estas palavras, como esta história que não sei bem porquê faz-me lembrar do livro O meu pé de laranja-lima, que pouco se relaciona, apenas o facto de existir a àrvore com um traço humano... mas como prometia eu, não irei distrair-me mais... durante as aulas claro!
ResponderEliminar(Admiro o meu sentido de abstracção. É um poder de distracção que atinge uma dimensão incalculável. Contudo a abstracção é sempre boa...quase)
Beijinhos,
Melina
Já conhecia a história da mãe que teve o bebe na arvore, correu mundo na televisão e é engraçado que agora as encontres. O ser humano é extraordinário e encontra forças para coisas que nem nos passa pela cabeça. São exemplos fortissimos de vontade de viver.Muitos beijinhos para todos Teresa MF
ResponderEliminar5 estrelas.
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